The Phantom of the Opera - Um olhar em sua
história, por Claudio Erlichman.
Publicado originalmente por Rubens Ewald Filho em r7.com/blogs/rubens-ewald-filho
“Eu estava escrevendo alguma coisa na época e percebi que a razão de estar
sem inspiração era porque estava tentando escrever uma grande história
romântica, e estava tentando fazer isso desde que comecei a minha carreira.
Então, quando veio o Fantasma, ela estava lá!”. Andrew Lloyd
Webber.
Você sabe qual o romance da literatura que já foi musicalizado mais vezes do
que qualquer outro? Se você respondeu O Fantasma da Ópera, errou. A
resposta correta é A Christmas Carrol (Canção de Natal ou
Um Conto de Natal), de Charles Dickens. Porém a obra-prima de Gaston
Leroux, escrita em 1911, certamente ocupa o segundo lugar, com muitas e
diferentes versões musicais mundo a fora, variando os graus de sucesso.
A primeira foi escrita por Ken Hill e levada no London’s Theatre Royal,
Stratford East, em 1984 (ironicamente, Sarah Brightman foi convidada para fazer
o papel de Christine nesta produção, declinando do convite, sendo que Andrew
Lloyd Webber a assistiu).
Em 1986, o Capital Repertory Company of Albany, Nova York, apresentou sua
própria versão com música de David Bishop e letras e libreto de
Kathleen Masterson, mais tarde remontada na Alemanha, onde foi muito
aclamada.
Naquele mesmo ano a produção de Andrew Lloyd Webber, Charles Hart e Richard
Stillgoe estreou no Her Majesty’s Theatre, em Londres, se tornando a grande
sensação da década, tanto em Londres quanto em Nova York (e ainda continuam em
cartaz celebrando seus 25 anos em outubro de 2011, no East End, e o 24º
aniversário em janeiro de 2012, na Broadway, se tornando o musical de mais longa
duração).
O compositor de Nine, Maury Yeston, escreveu sua própria versão antes da de
Andrew Lloyd Webber, mas o show não foi montado até 1989. Ainda outro Phantom
apareceu no Al Hirshfeld Theatre (não aquele da Broadway) em Miami Beach, e para
completar a mania, ainda houve The Phantom of the Country Palace, que estreou em
1994, no Marriott’s Lincolnshire Theatre, nos arredores de Chicago.
Entretanto é a versão de Andrew Lloyd Webber a que durou mais que as outras,
agora entrando em seu 25º ano na Broadway, tendo seu candelabro caindo sobre a
plateia em mais de 10.000 apresentações, e uma bilheteria que já ultrapassou os
U$ 5,1 bilhões. Sua versão cinematográfica foi realizada em 2004, e em 2010
estreou Love Never Dies, sua sequência não muito bem-sucedida, em
Londres, nunca chegando à Broadway.
No Brasil, o musical estreou em abril de 2005, no Teatro Abril, produzido
pela então CIE, no formato “franchising”, ou seja, tudo, de figurinos a cenários
e até a marcação de atores no palco, milimetricamente igual à montagem que se
via no exterior. Enquanto Saulo Vasconcelos repetia o papel principal que já
havia feito na produção mexicana, Sara Sarres e Kiara Sasso se alternavam no
papel de Christine. No papel de Raoul tivemos Nando Prado, Edna D' Oliveira como
Carlotta, Carolina Puntel como Meg Giry, Paula Capovilla como Madame Giry,
Jhonatas Joba como Firmin e Homero Velho como André. A versão brasileira foi de
Claudio Botelho.
Ao longo dos anos Andrew Lloyd Webber vem sido acusado de plágio, em vários
de seus musicais. Em certas melodias de The Phantom of the Opera nós
podemos encontrar o trabalho de alguns compositores como Claude Debussy, Giacomo
Puccini e Frederick Loewe. Assim temos na Canção Título influências de Till You,
de Ray Repp; Echoes, do Pink Floyd; Alexander Nevski (A Batalha no
Gelo), de Prokofiev, e L'après-midi d'un Faune, de Debussy. Music of
the Night teria sido “inspirada” por Quelo Che Tacete, de La Fanciulla Del
West, de Puccini; e Come to Me, Bend to Me, de Brigadoom, de Lerner
& Loewe; e Why Have You Brought Me Here é muito semelhante à Tu
Che Digel Sei Cinta, de Turandot, de Puccini.
Veja os vídeos abaixo e julgue você mesmo:
Daquelas canções que parecem ser originais, algumas são muito bonitas más estilisticamente impróprias para o período em que se passa a ação. Por exemplo, a amável Think of Me, com suas rimas pontilhadas. Aliás, o arranjo da Canção Título a faz parecer como música de discoteca. As letras de Charles Hart (com adicionais de Richard Stillgoe) variam do muito bom ao muito ruim. As seções mais bem-sucedidas do score são seus momentos mais leves, em particular a sequência Notes / Prima Donna.
Dado o nível de qualidade geral do material, as performances do CD com o
Original London Cast, 1986 (Polydor, 2 CDs) não são de todo o mal. Michael
Crowford está bem atraente como o Fantasma; seus maneirismos e timbre vocal
singular servem muito bem ao personagem que é suposto ser um maluco bizarro e,
com a ajuda de uma habilidosa engenharia de som, Crawford nos dá algumas notas
tão altas que chegam a arrepiar.
A Christine de Sarah Brightman (na época casada com Andrew Lloyd Webber) soa
bem quando canta no meio de sua extensão vocal, num nível dinâmico não maior que
uma mezzo forte, mas quando canta como soprano sua voz se diluí e começa a ficar
estridente quando sobe de tom e de volume, além de seu vibrato ser muito forte
para o peso de sua voz. Steve Barton canta bem no papel de Raoul, em especial a
bela Al I Ask of You.
Quando este CD foi lançado, os dois discos não tinham faixas, de uma forma
que o único jeito que você poderia pular para as várias seções do score era
pressionar e segurar os botões de busca forward ou backward no seu CD player.
Dizem que Lloyd Webber insistiu nisso, porque havia concebido Phantom
como um trabalho unificado e esperava que os ouvintes o experimentassem desta
forma!
The Phantom of the Opera nem de longe parece mostrar sinais de
encerrar sua temporada. A seu favor temos um score famoso (em “parceria” com
Puccini e Prokofiev), uma produção suntuosa dirigida por Hal Prince no seu auge,
e acima de tudo, como núcleo, uma história de amor passional e misteriosa que
tem ressoado a milhões de espectadores mundo afora.
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