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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Velharia de Hollywood, em francês: Os Olhos Sem Rosto - Les Yeux Sans Visage de 1960



Genéssier, professor e médico de grande renome na área de cirurgia plástica (interpretado por Pierre Brasseur), busca incessantemente recuperar o rosto de sua filha Christiane (Edith Scob), após sua desfiguração em um acidente de carro provocado pelo próprio Genéssier. Para tanto, conta com o auxílio da assistente Louise (em atuação de Alida Valli), para manter Christiane escondida – fingindo para a sociedade que ela está morta – enquanto selecionam jovens que sirvam como cobaias para o transplante da face.
Assim tem início o enredo de Os Olhos Sem Rosto,  longa-metragem de 1960, dirigido por Georges Franju, co-fundador (em 1936) da Cinemateca francesa, conhecido, antes de Les Yeux Sans Visage, por dirigir filmes caracterizados pelo engajamento social, como A Cabeça Contra o Muro – longa-metragem de 1959, onde Pierre Brasseur também interpreta um médico, nesse caso, em um asilo psiquiátrico – e O Sangue das Bestas, documentário de 1949, sobre abatedouros em Vaugirard. 
Elementos desses dois filmes, envolvendo respectivamente a medicina e o escapelamento, retornam no filme aqui analisado. Considerado um clássico do cinema, na tradição do horror, do noir e do gótico, Os olhos sem rosto inspirou filmes como O segredo do Dr. Orloff (1964); Os predadores da noite (1988) – ambos dirigidos por Jesús Franco –; A outra face (1997), de Jhon Woo; e o recente A pele que habito (2011), dirigido por Pedro Almodóvar.
O filme Os Olhos Sem Rosto também pode ser visto como um alerta, uma crítica ácida à medicina experimental, de tentativa e erro, levada ao extremo. “Os Olhos Sem Rosto” reforça nossos mais profundos temores de infância. Quem de nós, quando criança, não achava que os médicos e enfermeiras eram agentes do mal? Se você planeja submeter-se a uma cirurgia plástica no futuro, evite assistir a este belo filme do terror francês. Sombrio e triste. Porém, brutalmente poético.

Fonte: texto escrito por Leonardo Araújo Oliveira, disponível em desenredos.dominiotemporario.com; parte final retirada do sítio e-motionmovies.blogspot.com.br

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