por Artur Xexéo
A última vez em que Miguel Falabella me telefonou foi para me convidar a entrar numa pirâmide. Ele não deve se lembrar disso. Faz tempo. Muito tempo. Foi na época em que esta cidade enlouqueceu com a possibilidade de dinheiro fácil que as correntes, então chamadas de pirâmides, aparentemente proporcionavam. Eu disse não. E esta negativa não foi motivada por saber que aquilo poderia ser um crime contra a economia popular. A gente não sabia disso na época. Éramos mais jovens, mais ingênuos. A pirâmide parecia ser só uma brincadeira. E eu disse não apenas porque já estava comprometido com outra corrente, uma pirâmide formada por psicanalistas, que se reunia todas as noites numa vila da Barão da Torre. A pirâmide do Miguel parecia promissora, afinal, era formada por artistas. Mas eu já tinha problemas demais em fazer decolar a pirâmide psi para me meter em outra. Muita gente se deu mal naquela infame brincadeira. Eu saí zerado. Não ganhei, nem perdi. Espero que Miguel não tenha feito parte do grupo de perdedores.
Pois ele voltou a me telefonar no ano passado. E para fazer um novo convite. Desta vez, a ideia era que eu escrevesse a versão brasileira de “Xanadu”, um musical da Broadway baseado no filme de 1980 com Olivia Newton-John. Eu disse não outra vez. Nunca tinha feito trabalho parecido, não me achava capaz, a tarefa parecia uma encrenca. Só que a negativa, agora, não durou mais do que um minuto. Falabella nem precisou insistir. Enquanto eu ainda expunha as razões pelas quais não aceitaria a tarefa, mudei de ideia e disse sim. Vem cá, você está em casa, sem fazer nada, de repente toca o telefone, e é o Miguel Falabella te convidando para trabalhar com ele. E você vai dizer não?
O “Xanadu” brasileiro estreia daqui a dois dias. De alguma maneira, sentia certa intimidade com o projeto. Quando assisti ao musical, na época de sua estreia em Nova York, há pouco mais de quatro anos, saí do Teatro Helen Hayes com a convicção de que uma montagem brasileira daria certo. É que “Xanadu” é um besteirol musical. E o teatro brasileiro tem tradição em besteirol. A montagem americana não foi recebida com boa vontade. Não parecia uma boa ideia transpor para o teatro um dos piores filmes de todos os tempos. “Xanadu”, o filme, é tão ruim, que motivou a criação do Framboesa de Ouro, o prêmio que, todos os anos, na época do Oscar, consagra os piores filmes da temporada. “Xanadu” foi a primeira produção a receber a honraria. Mas, já na sua primeira apresentação, “Xanadu”, o musical de teatro, transformou-se num cult instantâneo. O dramaturgo responsável pela adaptação, Douglas Carter Beane, teve a boa ideia de não respeitar o roteiro original. Usou apenas a trama básica de uma musa grega que desce à Terra para inspirar um artista incompreendido. A ideia nem é tão original. É a mesma usada no filme “Quando os deuses amam” (“Down to earth”), dirigido em 1947 por Alexander Hall. Neste filme, a musa da dança, Terpsícore, interpretada por Rita Hayworth, vem à Terra para impedir que um musical da Broadway ridicularize os deuses do Olimpo. É claro que, no filme de 47, no de 80 e no musical de teatro de agora, a musa se apaixona por um mortal e não quer mais voltar para a mitologia.
Minha parte na produção que está estreando é a menos importante. Texto para teatro não é teatro. O teatro só acontece quando o diretor impõe sua visão do texto e os atores dão personalidade aos personagens. E o cenógrafo imagina o cenário, e o figurinista acrescenta dados aos personagens, e, no caso de um musical, o maestro e o coreógrafo transformam em realidade o que, no papel, é só insinuação. Este “Xanadu”, portanto, é de Miguel Falabella, o diretor, de um elenco capitaneado por Danielle Winits, Thiago Fragoso e Sidney Magal — com a luxuosa ajuda de Gottscha e Sabrina Korgut — e da equipe técnica que está fazendo o diabo no Teatro Casa Grande. De qualquer forma, eu me sinto um pouquinho responsável também pelo espetáculo. E faço aqui o convite para que você conheça “o lugar em que ninguém ousa estar. O nome é Xanadu”.
Xanadu ou A coisa mais tosca do mundo, pra vocês:
EXCLUSIVO:
UMA FOTO DO ELENCO DE "OS MISERÁVEIS", LES MISERABLES, REUNIDO:
por broadway.com |
TODOS PRONTOS PARA O OSCAR CANTANDO "I DREAM A DREAM", SÓ FALTOU A SUSAN BOYLE!
Mas se você ainda duvida do talento musical das estrelas escolhidas para integrar o elenco, assista e comprove:
Hugh Jackman (Jean Valjean) no revival na West End de Oklahoma! em 1998:
Russell Crowe (Javert) canta "Things Have Got To Change", música de sua banda "30 Odd Foot Of Grunts" do álbum de 2001 "Bastard Life or Clarity":
Anna Hathaway (Fantine) canta uma paródia de "On My Own" - música de Les Miz - como apresentadora do Oscar 2011:
Sacha Baron Cohen (Monsieur Thenardier) canta "The Contest" em "Sweeney Todd - O Barbeiro Assassino da Rua Fleet":
Ainda tem a Helena Bonham Carter como Madame Thenardier. Ela mostrou pra todos o seu potencial no sucesso "Sweeney Todd - O Barbeiro Assassino da Rua Fleet", sendo dirigida pelo próprio marido.
Também temos no papel de Enjolras, o menino prodígio dos palcos da Broadway, Aaron Tveit. Aaron ficou em evidência quando integrou o elenco de "Next To Normal", sucesso da Broadway, e acabou de ser a estrela da adaptação para os palcos na forma de musical de "Catch Me If You Can" (Prenda-me Se For Capaz), ou seja, não precisa mais provar nada.
Eddie Redmayne, quem viverá Marius, está em cartaz nos cinemas com "My Week With Marilyn" mas não se destaca na música - veremos como se sairá!
A ótima Amanda Seyfried será Cosette, a filha de Fantine (Anne Hathaway). Essa já deu um show ao lado de Meryl Streep quando protagonizaram a versão para os cinemas do musical "Mamma Mia!".
Fechando o elenco principal aparece Taylor Swift, aquela menina ganhadora de vários Grammys, quem dará vida a Eponine, filha da personagem de Bonham Carter com o de Baron Cohen.
[ATUALIZAÇÃO 12/02/12]
Samantha Barks foi a escolhida oficialmente para viver Eponine na adaptação.
DAQUI A POUCO TAMBÉM NOS CINEMAS:
Marshall, o rei dos musicais modernos! Por Nathaniel R. |
O musical já ganhou uma versão medíocre nos palcos brasileiros com o título de "Era uma Vez", em São Paulo.
E o diretor da inédita adaptação aos cinemas de "Rock Of Ages", Adam Shankman, já está de olho em um novo musical para adaptar para as telonas. É "Bye Bye Birdie", musical que já teve muitos revivals na Broadway mas nunca obteve o mesmo sucesso da sua primeira montagem em 1960. Filmes também já foram dois: o primeiro com Dick Van Dyke e o segundo para a TV.
Recentemente, em 2009, ganhou mais um revival estrelado por John Stamos e Gina Gershon- um fracasso na Broadway. O diretor de Hairspray porém pensa em inovar: fazer uma versão HIP HOP do musical baseado no capítulo da história de Elvis Presley quando ele foi servir o exército.
E A PERGUNTA: O que dá quando o glee homenageia o rei do pop?
PROJETOS, PROJETOS E SUCESSO! NUNCA PARE DE SONHAR!
Gostei do elenco de Les Miz, só faltou a Lea, que merecia muito mais o papel de Eponine. Quanto a 'Into The Woods', o musical é ótimo, e a versão paulista foi boa, só não foi um grande produção, foi uma produção humilde, mas gostei. Já 'Bye Bye Birdie' não faz sucesso pq não presta, simples assim!
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